Não que seja surpresa, mas é asquerosa a forma como a nossa imprensa tenta vender a idéia de que o pacotão da Yeda é a única e sensacional saída para a terrível e apocalíptica crise que assola o nosso estado. Crise que é terrível e apocalíptica mesmo com o legado do Rigotto, lembram, que, coitadinho, tinha feito um governo tão bom que deixou tudo pronto para colher os frutos nos próximos anos, para sorte de seu sucessor (por que eu não guardo esses recortes de jornal?).
Pois hoje ouvi um almofadinha sub-estagiário-aprendiz-de-jornalistazinho que não sei o nome, n
a rádio Bandeyedarantes, dar uma prensa no desembargador Marco Antônio Barbosa Leal. A suposta entrevista consistia em tentar constranger o desembargador com aqueles argumentos repetidos pelos seguidores da Rainha das Pantalhas – os do governo e os da imprensa. Perguntas do tipo “o senhor acha correto exigir um repasse de verbas sem apontar a origem dos recursos?” ou “não é melhor um orçamento com déficit do que um mentiroso?”. Primário, enfim. Como se coubesse ao desembargador ou a outra pessoa qualquer que não a – por assim dizer – governadora a elaboração de um orçamento que não fosse nem mentiroso, nem deficitário e que respeitasse a autonomia dos poderes. E como se coubesse ao sub-estagiário-aprendiz-de-jornalistazinho fazer esse tipo de defesa primária da – por assim dizer – governadora.
Também não é surpresa o conteúdo do jornal que li hoje pela manhã. Aliás, não li, pois meu estomago é fraco. Só dei uma rápida folhada, o suficiente para estragar meu início de dia. Desisti de tentar ler o jornal quando vi uma nota de um colunista elogiando a iniciativa de um deputado-jornalista-meteorologista: a criação de um e-mail por intermédio do qual os jornalistas poderão sugerir pautas para o parlamentar. Jornalistas sugerindo pautas para o parlamentar! É uma boa idéia, disse o colunista. Aí, eu larguei de mão! Não sem antes ter visto essa sensacional manchete:
A idéia expressa é tão absurda que eu acho que ela é realmente da – por assim dizer – governadora, e não de um jornalista tentando equivocadamente elogiá-la. Urgência e diálogo? E nessa ordem? Fala sério! Até posso ver a cena. A – por assim dizer – governadora dizendo para seus interlocutores:
-Aí, galera! Vamos dialogar! Mas tem que ser jogo rápido. Acho bom vocês concordarem rapidinho comigo e aprovarem as medidas, porque eu estou com pressa!