17 maio 2010

A postagem que eu queria ter escrito

Acho que nunca antes eu copiei e colei uma postagem de outro blog. Mas, desta vez, me sinto obrigado a fazê-lo. Primeiro, porque a postagem traduz o que eu senti no sábado, ao caminhar pelos pavilhões do nosso Cais do Porto. A sensação de que nem tudo está perdido. De que ainda é possível ir a um evento autêntico em Porto Alegre - e não a alguma picaretagem qualquer patrocinada por uma multinacional de refrigerantes, algum desses "Refri’s On Stage" que andam por aí. E, segundo, porque o RS Urgente, blog onde a postagem original se encontra, está fora do ar esta manhã. Segue a postagem que eu queria ter escrito:

"Uma feira do povo: “Eles não são de fora, são daqui”



No show inesquecível que reuniu sábado à noite, no Gasômetro, nomes antológicos do rock gaúcho (Wander Wildner, Julio Reny, Frank Jorge & cia), lá pelas tantas um dos músicos comentou ao microfone: “Tem que vir gente de fora para acontecer uma coisa legal assim na cidade”. A coisa legal não era apenas o show, mas toda a Feira Nacional de Agricultura Familiar, sucesso absoluto de crítica e público. O comentário foi imediatamente seguido de uma correção: “Eles não são de fora, são daqui”. Eles, no caso, eram os organizadores da Feira, o “pessoal do MDA” (Ministério do Desenvolvimento Agrário). Foi logo no início do primeiro governo Lula que o pessoal daqui assumiu o MDA com Miguel Rossetto. Quando Rossetto deixou o ministério, quem assumiu foi Guilherme Cassel, gente daqui também. A alegria estampada no rosto de organizadores, feirantes, visitantes e participantes do evento realizado no Cais do Porto, à beira do Guaíba, foi a maior prova de que a política pode ser feita para causar bem estar e felicidade.

Poucas vezes, nos últimos anos, viu-se uma atividade pública cercada por tão alto astral. Parecia uma Feira do Livro às margens do Guaíba. Lembrou os melhores dias do Fórum Social Mundial. E mostrou, acima de tudo, o acerto da política de valorização da agricultura familiar no Brasil. Diversidade, riqueza de sabores, cores, cheiros, formas e pessoas. De fato, foi uma coisa muito legal, feita por gente daqui que se mudou para Brasília e que se sentiu muito feliz e justificadamente orgulhosa ao ver a alegria no rosto de seus conterrâneos. Por sinal, um deles comentou: “a gente foi ali, mas já volta.”

Um governo como o de Yeda Crusius jamais oferecerá algo parecido para a população. Por uma razão muito simples: trata-se de gente que não gosta de cheiro de povo. "

6 comentários:

Augusto Bier disse...

Boa jogada, Kaysersauro!
E o último parágrafo é definitivo. Lugar da Yeda não é na beira do Guaíba. É no fundo!

Unknown disse...

O clima de Forum Social Mundial eu também sentí, e gostei muito.
Fazia muito tempo que eu não ficava
tão feliz participando de grande evento.
Parabens ao Cassel e pessoal do MDA.

Rodrigo Chaves disse...

Olá, Kayser.
Eu sou Rodrigo Chaves, desenhista de Porto Alegre e estou fazendo contato com os membros da GRAFAR para me apresentar e mostrar o meu trabalho. Meu blog é http://contratemposmodernos.blogspot.com
comentários e sugestões são bem vindos
Abraços
Rodrigo Chaves

Anônimo disse...

Não chego a concordar com aquele presidente-milico que preferia o cheiro de cavalo, mas vamos combinar: cheiro de povo é foda!
"Suor incrustado. De dias anteriores" dizia o tal de Érico Verissimo em O Tempo e o Vento.
Meu maior medo é não poder ser de esquerda por não gostar de alguns cheiros. Mas não podemos se entregar pros Demo jamais!

Assinado:
Jean-Baptiste Grenouille

Kayser disse...

Caro Jean-Baptiste, acho que nessa não vamos combinar. Multidões não precisam ser mal-cheirosas e povo não é sinônimo de falta de higiene e de desodorante. Dito de outro modo, mais vale uma multidão limpinha do que um indivíduo sujo (tanto no sentido físico quanto no moral), não é mesmo?
Abraço!

Anônimo disse...

Mostre-me uma multidão limpinha e eu concordarei. Não vale para estratos superiores de renda. Mas só voltei tão imediatamente ao teu ótimo blog para me certificar que a refrência a estória do Patrick Süskind tinha sido entendida...
Mas com toda aquela grana do MDA curtume cheira bem. Eu acho.

Abraço