Já não é de hoje que a língua portuguesa vem sendo tratada aos pontapés. Mas nos últimos anos, aquela que o poeta chamou de a última flor do Lácio vem sendo trucidada por alguns setores da nossa sociedade. E eu nem estou falando do internetês, porque aí já é desrespeito aos Direitos Humanos! Refiro-me mesmo àqueles que abusam dos anglicismos. E eu falo de abuso não apenas no sentido de uso excessivo, mas no sentido de estupro mesmo! Os caras conseguem maltratar as línguas de Camões e de Shakespeare simultaneamente! Um exemplo disso ocorreu há alguns anos, quando, não me perguntem como nem porque, acabei assistindo a um trecho do programa do Chicão Tofani. Pois no tal programa, o garboso apresentador conversava com um empresário da noite. Ambos queixavam-se das escolhas feitas pelo grupo de jurados que havia apontado o melhor da cidade de Porto Alegre para a revista Veja. De acordo com eles, lugares muito mais in, cool, fashion ou whatever, haviam sido preteridos, sendo indicados locais mais alternativos. Algo tipo muito Lima e Silva e pouco Calçada da Fama. A explicação, segundo o empresário da noite, estava no mixER de jurados. Provavelmente, o sujeito estivesse tentando dizer MIX para se referir à composição do corpo de jurados. Ou não. Vai ver, ele queria mesmo que um MIXER escolhesse os melhores lugares da cidade...
Mas esse é um caso clássico. Um boçal dono de um night club tentando falar English. Nada surpreendente. O duro mesmo foi um comercial de uma caminhonete importada. Creio que da Toyota Hilux. Luxuosa. Completa. Daquelas que vem até com carteirinha de fascista de brinde para o comprador. Pois a tal Hilux estava em promoção, com vários itens grátis. Bancos de couro de jacaré-do-papo-amarelo e tudo o mais. Mas isso só aparecia no final da propaganda. No inicio, antes dos brindes que só seriam dados durante essa promoção, eram descritas as qualidades inatas à caminhonete e ao seu fabricante. Coisas como conforto, requinte, sofisticação, segurança e... designER! Certamente, foi um engano. Um lamentável engano, ainda mais em se tratando de um carro que custa mais de cem mil reais. Tenho certeza de que eles queriam dizer DESIGN. Do contrário, o dono da caminhonete teria que construir um puxadinho para acomodar o DESIGNER da Toyota.
2 comentários:
Kayser, isso me preocupa mais com a nova geração. Sem exceção, todos os amigos brasileiros do meu filho usam palavras em inglês para escrever seus sentimentos nos blogues. Inclusive, meu filho. Acho isto muito esquisito, talvez seja marca de parte de uma geração que não se identifica com o Brasil. Que não acredita que tenha futuro digno na sua terra natal e pensa em se mudar, assim que tenha alguma oportunidade. O Felipe volta para se formar, mas não sei se criará raízes por aqui... Quanto à elite, bem, esta é de doer. Os programas de TV, as revistas, os comerciais, as lojas voltadas a este público já integraram o inglês em seu repertório: business, profile, paper e por aí afora.
Hilária série, Kayser. O japa próprio no banco do carona para lá e para cá ficou muito engraçado...rs.
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